Castro Laboreiro - Dezembro/2019

Mantenha-se a distância dos animais, não os alimente, observe-os com binóculos

Castro Laboreiro – Dezembro/2019

 

Cabra-montês (Capra pyrenaica victoriae)

Castro Laboreiro – Dezembro/2019

Texto e fotografia de Norberto Esteves

“Foi em fins de Dezembro, numa manhã soalheira, arranco para a serra com a intenção de fotografar as Cabras montesas.

Não é tão fácil como as pessoas pensam, já tentei várias vezes e posso dizer que as probabilidades são 50/50 mesmo conhecendo bem o local como eu conheço.

Neste dia tive sorte, tinha acabado de subir a vertente norte do monte pelo meio dos tojos e rochas, não há trilhos naquele local, parei próximo do topo para descansar, beber água e planear o resto da caminhada.

Normalmente evito subir mesmo ao topo pois sei que a minha silhueta se vai destacar contra o céu azul e vou ser facilmente detectado alertando imediatamente as cabras mais atentas.

Nem precisei de binóculos, numa rocha 500 metros à minha frente vejo claramente um rebanho de cabras montesas. Nunca tinha visto tantas! Algumas estavam de vigia mas a maioria aproveitava para descansar tranquilamente desfrutando do calor do sol de inverno.

Estava muito longe para conseguir fotografa-las, tinha de me aproximar, sem as perturbar, até pelo menos 50 metros, o ideal seria 20 ou menos.

Tinha pela frente uma descida íngreme até ao vale e uma pequena subida do outro lado, mas o mais difícil seria percorrer estes 500 metros sem ser detectado.

Comecei a descer lentamente, escondido pelas rochas e vegetação sempre que possível, parando várias vezes para observar o comportamento dos animais. Devo ter demorado mais de uma hora mas consegui descer e atravessar o vale sem dar nas vistas!

Do outro lado, já bastante próximo, consegui fazer alguns registos aceitáveis mas acabei por ser detectado! Várias cabras começaram a emitir uns pequenos silvos como sinal de alarme e imediatamente todo o rebanho ficou em sentido e a olhar na minha direcção!

Estava quase totalmente escondido por uma rocha, só tinha a cabeça e a máquina fotográfica à vista e mesmo estas estavam tapadas por uma rede de camuflagem. Isto deve te-las confundido e aconteceu uma coisa curiosa, em vez de fugirem, os machos mais velhos e os juvenis juntaram-se no topo da rocha enquanto que algumas fêmeas e machos mais jovens desciam na minha direcção.

Continuei imóvel e silencioso e verifiquei que os sinais de alarme começavam a acalmar e que a maioria das cabras já nem me ligava nenhuma à excepção de uma fêmea que tinha chegado mais próximo (cerca de 20 metros) e que continuava a olhar para mim desconfiada. Por fim, esta também desistiu e seguiu na direcção das outras que agora se afastavam calmamente.

Na minha mente, isto durou 10 ou 15 minutos, mas pela data/hora das fotos verifico que estive ajoelhado atrás daquela rocha sem me mexer durante mais de uma hora!!!

Não sei o que aconteceu, mas a partir daquele momento consegui andar sempre muito próximo delas e nunca mais se mostraram alarmadas ou receosas. Acabei por ficar lá o resto da tarde a fotografar e principalmente a observar estes magníficos animas!”

 

Deixe a natureza intacta. As plantas e animais devem permanecer nos locais onde os encontrou, o mesmo sucedendo com as pedras. Assim, outras pessoas poderão observá-los e ter a mesma satisfação que sentiu ao vê-los!

PNP Gerês

Tome precauções especiais quando caminha em zonas húmidas e rochosas, para evitar quedas, e não pratique atos que possam colocar em risco a sua segurança e a dos outros. Não saia dos percursos/trilhos e caminhos existentes