Passeios pelo Planalto – Castro Laboreiro
Texto e fotografia de Norberto Esteves
Nos meus longos passeios pelo Planalto tenho encontrado cada vez com mais frequência alguns grupos de Javalis.
Antigamente, nos anos 80, eram praticamente inexistentes no Planalto, apesar de existirem alguns em zonas mais baixas de mato alto, eram em pequenos números e só saiam à noite, muitas das vezes só se viam os “estragos” no dia seguinte. Quando digo estragos, não me refiro a milhares de euros de prejuízos, mas sim a uma ou duas horas de enxada na mão a tapar os buracos nos campos de pastagem do gado. Fiz isso muitas vezes.
Nessa altura sabíamos viver em comunhão com a natureza. Claro que ficávamos chateados com os estragos causados, mas tentávamos evitar que voltasse a acontecer colocando espantalhos ou tapando os buracos nas vedações.
Por outro lado também não podemos ver este animal como a maior ameaça à humanidade, apesar do ódio que muita gente manifesta contra eles também tem as suas vantagens nos ecossistemas, aliás, sempre teve, mesmo antes de a espécie humana ser o predador de topo que é hoje.
Serve de presa para outras espécies em vias de extinção (Lobo Ibérico), ajuda ao arejamento e irrigação dos solos da floresta autóctone (nomeadamente as carvalheiras) e tem também o seu contributo nos lameiros que são muitas vezes usados por anfíbios de variadas espécie, por exemplo o Sapo-corredor.
A questão que se coloca é: “Porque é que este animal ganhou tanto terreno em tão pouco tempo?”
A minha opinião, e falo com base no que se passa na minha terra, é que ao eliminar os seus predadores naturais, ao deixar os campos ao abandono e ao abandonar a pastorícia e consequentemente os cães que acompanhavam o gado e defendiam as nossas casas contribuímos para que isso acontecesse. Os culpados disto tudo somos nós, os humanos!
Javali (Sus scrofa) adulto e cria. De um casal com 5 crias que encontrei no Planalto.
Castro Laboreiro – 07/06/2020
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Deixe a natureza intacta. As plantas e animais devem permanecer nos locais onde os encontrou, o mesmo sucedendo com as pedras. Assim, outras pessoas poderão observá-los e ter a mesma satisfação que sentiu ao vê-los!
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