Nos meus longos passeios pelo Planalto tenho encontrado cada vez com mais frequência alguns grupos de Javalis.
Antigamente, nos anos 80, eram praticamente inexistentes no Planalto, apesar de existirem alguns em zonas mais baixas de mato alto, eram em pequenos números e só saiam à noite, muitas das vezes só se viam os “estragos” no dia seguinte. Quando digo estragos, não me refiro a milhares de euros de prejuízos, mas sim a uma ou duas horas de enxada na mão a tapar os buracos nos campos de pastagem do gado. Fiz isso muitas vezes.
Nessa altura sabíamos viver em comunhão com a natureza. Claro que ficávamos chateados com os estragos causados, mas tentávamos evitar que voltasse a acontecer colocando espantalhos ou tapando os buracos nas vedações.
Por outro lado também não podemos ver este animal como a maior ameaça à humanidade, apesar do ódio que muita gente manifesta contra eles também tem as suas vantagens nos ecossistemas, aliás, sempre teve, mesmo antes de a espécie humana ser o predador de topo que é hoje.
Serve de presa para outras espécies em vias de extinção (Lobo Ibérico), ajuda ao arejamento e irrigação dos solos da floresta autóctone (nomeadamente as carvalheiras) e tem também o seu contributo nos lameiros que são muitas vezes usados por anfíbios de variadas espécie, por exemplo o Sapo-corredor.
A questão que se coloca é: “Porque é que este animal ganhou tanto terreno em tão pouco tempo?”
A minha opinião, e falo com base no que se passa na minha terra, é que ao eliminar os seus predadores naturais, ao deixar os campos ao abandono e ao abandonar a pastorícia e consequentemente os cães que acompanhavam o gado e defendiam as nossas casas contribuímos para que isso acontecesse. Os culpados disto tudo somos nós, os humanos!
Javali (Sus scrofa) adulto e cria. De um casal com 5 crias que encontrei no Planalto.
Castro Laboreiro – 07/06/2020
Pode espreitar mais alguns artigos do Norberto Esteves clicando nas fotografias abaixo
Uma partilha que nos mostra momentos com mais de 20 anos de um local que nem sempre está visível
Aqui ficam as fotografias e se quiser espreitar a partilha original é só clicar AQUI
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Traga consigo o lixo que fez durante o percurso e coloque-o num local adequado (um contentor ou um ecoponto). O lixo, principalmente o plástico, pode ser ingerido por animais, causando-lhes a morte. Não abandone os resíduos. Recicle, evitando assim o desperdício de matérias primas e a destruição de áreas naturais.
Opte por vestuário e calçado simples e confortável. Evite usar amarelo, dado ser a cor que mais atrai os insetos. Vista-se e calce-se de acordo com as condições, quer climatéricas quer do trilho. Se necessário, use calçado de montanha.
Opte por vestuário e calçado simples e confortável. Evite usar amarelo, dado ser a cor que mais atrai os insetos. Vista-se e calce-se de acordo com as condições, quer climatéricas quer do trilho. Se necessário, use calçado de montanha.
“Uma bela tarde de primavera, saio para uma caminhada pelo “meu” planalto.
Ainda há maias nas giestas mas o planalto já não tem aquela cor que tinha há duas semanas, um misto de amarelo e roxo a perder de vista, tenho pena, há muitos anos que não vejo o meu planalto no seu momento mais colorido.
Apesar de o conhecer perfeitamente, o planalto tem sempre coisas novas para me mostrar, fauna, flora ou mesmo história! Sim, no planalto existe a maior necrópole megalítica da Península Ibérica! Datados entre o Neolitico e a idade do Bronze os monumentos espalhados pelo planalto ocupam uma área de 50Km2(alguns em território Galego).
Desta vez presenteou-me com um dos mais fascinantes e belos animais que lá se podem encontrar.
Assim que começo a sair dos prados cercados e começo a entrar no planalto propriamente dito vejo ao longe uma mancha castanha a destacar-se no meio do verde sarapintado de amarelo.
Pensei: “Caramba! queres ver que é o lobo que está ali??” Rapidamente percebi que não era o lobo mas sim a sua prima mais pequena e mais matreira.
Tento aproximar-me o mais possível para conseguir fotografias com alguma qualidade, sim, porque o pessoal ás vezes pensa que se tiveres uma tele-objectiva “grande” podes tirar fotos ao longe, mas não é verdade, neste tipo de fotografia se quiseres boa qualidade/detalhes tens de te aproximar o máximo que conseguires!
A cada passo que dava estava sempre á espera que a raposa me visse e fugisse a sete pés! Tinha o vento a soprar de frente e penso que o facto de vestir roupa escura/camuflada também terá contribuído para não ser detetado.
Só avançava quando via que a raposa estava distraída parando imediatamente assim que ela levantava a cabeça. Andava a caçar grilos, um comportamento normal nesta altura do ano, os insetos representam um papel importante na alimentação destes canídeos.
Fui avançado de arbusto em arbusto, tive a sorte de naquela zona haver algumas giestas e urzeiras relativamente altas que me ocultavam do olhar atento que a raposinha lançava de vez em quando em várias direções.
Com esta estratégia consegui chegar a última giesta e fiquei a poucos metros da raposa, talvez uns 20 ou menos, já dava para fazer algumas fotografias com qualidade.
Fiquei ali a observar e a fotografar pensado sempre que a qualquer momento iria ser detetado. Uso a máquina em modo silencioso e o facto de ser “Mirrorless” significa que o modo silencioso é mesmo silencioso! o que é uma grande vantagem para quem fotografa vida selvagem.
Além de não ter sido detetado verifico com grande surpresa que a raposinha começa a movimentar-se na minha direção aproximando-se cada vez mais, chegando ao ponto de ter de “tirar” zoom para caber toda na fotografia.
Naquele momento até tive a sorte de o céu estar nublado garantindo a melhor luz possível aquela hora, se fosse com o sol forte do inicio da tarde iria ter sérios problemas com as cores e sombras nas fotografias.
A dada altura quando a raposa começa novamente a afastar-se e eu já nem sequer tirava fotos, só observava, aparece um tartaranhão-caçador(uma ave de rapina pequena, pouco comum, mas que no Planalto é presença habitual durante o período estival) e ataca a raposa obrigando-a a dar um salto no ar para se defender! Este momento era a cereja no topo do bolo, infelizmente só o consegui registar na minha memória e não na memória da máquina!
Pelo “timestamp” das fotografias verifico que estive quase uma hora (primeira foto ás 13:38 e última ás 14:31) ali, imóvel, a observar este belíssimo animal no seu estado mais natural e selvagem que se pode encontrar! Que sorte do caraças!!!
Passadas duas semanas não me canso de rever as fotografias e recordar este momento único! A dificuldade agora é escolher uma que o represente condignamente…
Castro Laboreiro – Junho/2020
P.S. Conselhos para quem visita o Parque Nacional:
– Desfrutem ao máximo da natureza sem interferir.
– Não façam fogueiras.
– Não deixem lixo.
– Respeitem as pessoas que lá moram.
– Respeitem também os terrenos privados, não derrubem os muros nem pisem a erva. Todos os terrenos cercados tem dono!
Façam isso e serão sempre recebidos de braços abertos!”
Deixe a natureza intacta. As plantas e animais devem permanecer nos locais onde os encontrou, o mesmo sucedendo com as pedras. Assim, outras pessoas poderão observá-los e ter a mesma satisfação que sentiu ao vê-los!
“O Trilho Cidade da Calcedónia permite uma visita ao povoado fortificado da Idade do Ferro, designado Calcedónia. Presumivelmente de ocupação romana, este local emblemático, cujo topónimo foi criado pela efabulação erudita de alguns sábios do séc. XVI, indica uma origem clássica fundada pelos Argonautas (Regalo, 2001 ).
Este percurso, de âmbito Histórico e Paisagístico, desenvolve-se no território da freguesia de Covide e apresenta um repertório histórico-cultural distinto, pelas suas tradições comunitárias e vestígios arque- ológicos.
É um trilho pedestre de pequena rota (PR) que apresenta um traçado circular com uma distância real de 7 km, um tempo médio previsto de 4 horas e constitui-se por traçados declivosos que o tornam de elevada dificuldade, por isso deve ser percorrido num passo certo de forma a facultar ao pedestrianista a plena fruição, o contato ambiental e, mais importante, a reflexão sobre este mundo de estruturas culturais e vivências milenares que, hoje, facilmente tendem a se esgotar.”
( para saber mais basta clicar nas palavras a laranja )
Tome precauções especiais quando caminha em zonas húmidas e rochosas, para evitar quedas, e não pratique atos que possam colocar em risco a sua segurança e a dos outros. Não saia dos percursos/trilhos e caminhos existentes
Depois de ter partilhado maravilhosas fotografias de Cela Cavalos – Outro olhar, desta vez o Joaquim Manuel Ramos partilhou a mais que conhecida Cascata do Arado e vários poços a montante da mesma!
Tome precauções especiais quando caminha em zonas húmidas e rochosas, para evitar quedas, e não pratique atos que possam colocar em risco a sua segurança e a dos outros. Não saia dos percursos/trilhos e caminhos existentes.